FILME DO MÊS

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“Keep the lights on”, com roteiro escrito por Sachs e pelo carioca Mauricio Zacharias, trata de um casal gay.
O filme foi exibido pela primeira vez no Festival de Sundance, no fim de janeiro, onde obteve críticas positivas e aumentou a expectativa para sua estreia em Berlim, o mais amigável dos grandes festivais para obras que abordem qualquer aspecto da homossexualidade. Sua projeção de gala, na noite da última quarta-feira, estava lotadíssima, com a presença de diretor, equipe e atores.
— É uma obra autobiográfica, partiu de num relacionamento de dez anos que vivi e que acabou. O fim foi muito doloroso, difícil de me libertar — explicou Sachs, em Berlim.
Relacionamento sem julgamento
Os protagonistas de “Keep the lights on” são o documentarista Erik (Thure Lindhardt) e o advogado Paul (Zachary Booth). Por causa de Erik, Paul sai do armário e passa a viver com o companheiro, em Nova York. Numa hora, tudo parece ser para sempre, mas noutra eles percebem que para sempre é tempo demais. Erik e Paul alternam separações e reconciliações, motivadas por ciúmes, traições e vícios.
— A ideia foi integrar tudo o que acontece num relacionamento, sem julgar ou definir um momento específico de ruptura — explica Zacharias. — Há um acúmulo de situações, momentos felizes e trágicos que afastam e aproximam as duas pessoas. Esperamos que o filme mostre a complexidade de um relacionamento contemporâneo, com altos e baixos.
Zacharias não pôde vir a Berlim porque está trabalhando em dois roteiros: o de “Imoral”, com direção de Karim Aïnouz, sobre uma censora de pornochanchadas durante a ditadura militar; e de outro filme de Sachs, baseado na vida de Arthur Russell, compositor que morreu em consequência da Aids em 1992 e cujas músicas estão na trilha sonora de “Keep the lights on”.
O roteirista carioca, formado em economia pela PUC, vive e trabalha há 20 anos na ponte aérea entre Brasil e Estados Unidos. Ele foi um dos autores do roteiro de “O céu de Suely” e também colaborou com o texto de “Madame Satã”, ambos de Karim. É corroteirista, ainda, de “Trinta”, filme sobre o carnavalesco Joãosinho Trinta que o diretor Paulo Machline deve começar a rodar este ano.
— O Ira me chamou pra trabalhar com ele porque é fã de “O céu de Suely”. E eu aceitei porque sou fã de “Forty shades of blue”, seu filme que ganhou o Grand Prix em Sundance em 2005 — conta Zacharias. — Uma vez, ele me mostrou seus diários da fase em que tinha vivido um conturbado relacionamento, que achava que poderiam trazer inspiração para outro projeto. Quando acabei de ler, disse que o filme estava ali.
Por estar na mostra Panorama, “Keep the lights on” não concorre ao Urso de Ouro, só ao prêmio do público de melhor filme e ao Teddy Awards, voltado às produções gays, de onde saiu campeão.
— Cinema gay, festival gay, prêmio gay... Acho que tem um lado bom e um lado ruim nisso — analisa Zacharias. — O lado bom é que esses festivais abrem a porta pra boas histórias serem contadas, que talvez de outra forma ficassem sempre no escuro. O lado ruim é ainda haver necessidade de se ter um lugar especial para esses filmes...





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